Diz-me assim o Fabrice, sotaque francês em português perfeito: você tem um blogue que não utiliza há três anos...
O Fabrice é um tipo de cultura, da Cultura, dirige ou ajuda a dirigir A Fábrica, antiga fábrica militar de Braço de Prata, uma coisa do tempo em que os sítios, às vezes, tinham nomes com uma piada do caraças. Disse-me aquilo e eu fiquei cheio de remorsos, culpa mesmo; negligenciei uma tarefa que era e é apenas da minha responsabilidade, e logo acrescentei, como acto de penitência, que não tenho tempo, não tenho tido tempo, o tempo tem-me tido o tempo todo, um arrazoado em torno do verbo ter; desculpas que eu arranjei, ao balcão onde do outro lado do dito o Fabrice pensará que me acertou em cheio: e acertou mesmo, o Fabrice pensa muito bem.
Aqui estou, sem esperança mas aliviado, porque quem falta como eu faltei, falto e faltarei, não pode desejar mais do que a possibilidade de escrever como quem fala sozinho.
Na Fábrica, vai o Fabrice pendurar umas tintas minhas que ele misericordiosamente escolheu, que estarão na sala onde todas as quintas-feiras de março cantarei do que vou fazendo há quase meio século. Creio que por causa desta minha única verdade que são tantos anos de profissão ininterrupta, o Fabrice resolveu aceitar a minha proposta abrindo-me as portas de uma casa que respira Artes por todos os poros; há casas que respiram e têm pele, que ouvem e lêem, que nos olham, com o olhar tranquilo que nos põe em paz, em paz com nós mesmos, mesmo, a Fábrica.
quarta-feira, 30 de janeiro de 2013
quarta-feira, 3 de março de 2010
Campo Pequeno e nem tanto.
Os filhos, os amigos, a escola, tudo são sinais que ficam para a vida, por dentro dela. Mas há outros sinais, no meu caso as canções. Em 72 disse ao Ary que aquele meu tema musical me sugeria tourada, praça de touros, cor, trajes, modos e meneios, cortesias e falta delas, a linguagem tão específica da "festa dos touros" que aprendi em anos de transmissões da RTP e que serviram para transmitir ao Ary - "...mas eu não sei nada de touradas!" O vocabulário que consta do histórico texto da canção, escrevi-o eu naquelas folhas de sebenta onde o Ary registou a parte mais importante das letras para Música da história da canção em Portugal. No próximo sábado, vou à "Casa Maior" do toureio no nosso país cantar a célebre e sempre oportuna "Tourada". Tem um significado especial para mim? Tem. A verdade é que já há uns anos, no mesmo local e com direcção do Filipe La Féria ouvi a dita cantiga cantada por um jovem que a interpretou com coragem e qualidade. Mas ser eu a fazê-lo tem, também para mim, um encanto especial. Porque a tourada continua a ser o espectáculo belo e polémico que se repete na canção, anunciando naquele tempo e para espanto de um povo inteiro, que pouco mais de um ano depois a nossa vida mudaria para nunca mais ser a mesma. Ir lá eu cantar, no pleno exercício da minha profissão e da Liberdade que a "Tourada" gritantemente anunciava, é um motivo de alegria, da mais pura e profunda alegria. Não sei quantas vezes terei cantado a "Tourada", e muito menos quantas vezes voltarei a cantá-la. Mas nenhuma foi ou será como esta, porque esta explica, ao cabo de 37 anos, que o que a canção diz nada tem a ver com um Campo Pequeno, como tantos erradamente julgaram. A "Tourada" tem a ver com o campo muito maior da liberdade que tantos anos depois ainda nos dá sinais de enfraquecimento, lembrando que há que cantar todas as canções do nosso sonho concretizado a tempo inteiro. f.t.
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
Amanhã, 3 de Fevereiro, é dia de visitar a Tété. No Chapitô, ao longo dos anos, constituiu-se e instituiu-se um ideal, uma determinação: a vida não termina necessáriamente com a doença. Alí se toma conta - é isto mesmo, toma conta - do que não pode ser para deitar fora e que é o que de melhor temos em nós, a vontade. Se a Tété não fosse de "mandar vir à brava", o Chapitô era menos uma carta no baralho, eu digo um ás.
Lá estaremos para agradecer, que é o que eu vou fazer mais o Pedro Duarte. Com Música? É isso mesmo. f.t.
domingo, 31 de janeiro de 2010
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
Um ano.
Ontem, o Matias fez um ano. O Matias é o meu neto, o meu primeiro neto. É filho da Joana e do Luis, vê muita gente como ainda ontem e faz um ar circunspecto, uma criança pode fazer um ar circunspecto?, mas depois fica igualzinho àquilo que se espera dele: uma criança que tem um ano. O Matias adora as etiquetas de pano da roupa, as etiquetas dos brinquedos, tudo o que seja bem mais pequeno do que o objecto onde a dita vem acrescentada; não tem tanta adoração pelos brinquedos, os brinquedos são coisas que os adultos, já esquecidos há muito da sua inocência, oferecem às crianças de um ano.
Agora, faria todo o sentido que eu propusesse o Dia Mundial da Etiqueta, a Conferência Universal do Ó-Ó, a Semana Internacional da Cócega, o Concílio dos Afectos, a Reunião Magna sobre o problema dos Carinhos Por Fazer, o I Encontro Global dos Avós Babados. Mas não. Algures, desapareceu para sempre uma parte importante do público para assistir a tanta ternura. f.t.
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
do caraças!
Apareceu-me aqui uma rapaziada ( e se for só um, vale por uma data deles ) que tem um blogue com um título do caraças. Depois, passando o olhar curioso pelo conteúdo, chego à conclusão que o blogue também é do caraças. Salsichas a metro é um sítio de bom espirito, com raparigada bem fotografada, boa na generalidade, mas menos viva que a escrita e análise. Também, o que é que eu queria mais? f.t.
domingo, 17 de janeiro de 2010
13
O Duo Dinâmico, Os Três Mosqueteiros, Os Quatro Cavaleiros do ApósCalipso, Las Cinco en Punto de la Tarde, Os Seis Tafeira, Os Sete Bocados Morfais, Os Oito Dias Que Faltam, O "Nove" que fui ver Ontem, Os Dez Quilos a Mais, Os Ocean Eleven, As Doze ( não é assim que se chamavam aquelas que cantavam as canções que agora o Rui Reininho canta?) - nada me espanta mais do que Os Treze Seguidores que já tenho. Bravo, raparigas e rapazes! Só se bloga blogando. E se aparecerem mais, vão vocês inventando as gracinhas...
f.t.
Subscrever:
Mensagens (Atom)